segunda-feira, 12 de maio de 2008


Promotor do Caso Dorothy vê sedução de testemunhas por parte de
fazendeiro http://ultimainstancia.uol.com.br/noticia/50690.shtml

Marcos Sergio Silva,

Em entrevista a Última Instância, o promotor Edson Augusto Cardoso
de Souza disse acreditar que as testemunhas podem ter sofrido
sedução —e não coação— do fazendeiro Vitalmiro Bastos de Moura,
o Bida, para que mudassem seus depoimentos no julgamento que o
absolveu da acusação de mandante da morte da missionária americana
Dorothy Stang, em Anapu, interior do Pará, em fevereiro de 2005.

"Não houve coação, e sim sedução. Não sabemos se financeira, mas
houve alguma motivação [para a mudança do depoimento]", afirmou
Cardoso de Souza, um dia depois do julgamento.

Para o promotor, a nova versão de uma das testemunhas, Amair Feijoli
da Cunha, para o crime foi o “fato novo” que absolveu Bida, que já havia
sido condenado a 30 anos de prisão em 15 de maio de 2005. Essa pena
foi determinante para o pedido de novo júri.
Já condenado como intermediador no crime, Cunha afirmou em seu
julgamento, no ano passado, que a ordem para execução da religiosa
veio de Bida. Em depoimento na noite de anteontem (5/5), no entanto,
ele disse que mentira na declaração anterior e que só agora falara a
verdade, por ter se convertido à religião evangélica. Assim, relatou
que Bida não participara do crime.

"Com certeza, isso [a mudança no depoimento] foi determinante na
absolvição.
Ele compareceu ao julgamento e disse, em plenário, o contrário do
que havia dito em seu julgamento. Vamos verificar se houve falso
testemunho nesse depoimento. Se apurarmos que ele mentiu, ele
vai responder por isso", disse.
A nova versão não deve, entretanto, mudar a pena imputada a Cunha,
de 18 anos de reclusão, por já transitar em julgado. O que pode
acontecer é a abertura de um novo processo, por falso testemunho,
contra o primeiro condenado.
Edson Cardoso de Souza deve entrar com o recurso pedindo um
novo julgamento para Vitalmiro em até cinco dias. Ele, no entanto,
não crê que a decisão saia ainda neste ano. Um dos fatores que
atrapalham a análise da ação é o fazendeiro ter conseguido a
liberdade logo após o término do julgamento —ele estava preso
desde março de 2005, um mês após a morte da missionária.

"Vamos apresentar o recurso em cinco dias, mas o julgamento é o
problema: o tribunal não tem prazo para julgar, pois a pauta já é
abarrotada e quem está preso tem preferência, e ele não está mais",
avalia o promotor.

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