terça-feira, 30 de setembro de 2008

No maranhão tem poesia

Teófilo Dias de Mesquita nasceu na cidade de Caxias, no Maranhão, a 8 de novembro de 1854. Era filho de Odorico Antonio de Mesquita e de Joana Angélica Dias de Mesquita. Faleceu na cidade de São Paulo, a 29 de março de 1889. Patrono da cadeira nº 36 da Academia Brasileira de Letras.

Pertencia à família do consagrado poeta Antônio Gonçalves Dias, de quem era sobrinho. Os primeiros estudos de Teófilo foram feitos no Liceu de Humanidades, em São Luís, capital da Província do Maranhão.

Em 1875 já residia no Rio de Janeiro, onde encontrou abrigo no convento de Santo Antônio. Completou sua formação cultural matriculando-se na Faculdade de Direito de São Paulo, na qual concluiu o curso em 1881.

Embora exercesse a militância na advocacia, dedicou-se, também, ao jornalismo, ao ensino e à poesia. Casando-se com uma filha de Martim Francisco, da família Andrada, ingressou na política, filiando-se ao Partido Liberal. Em 1885 era eleito deputado provincial.

Cultivou íntimas relações de amizade com Assis Brasil, Lúcio de Mendonça, Valentim Magalhães e, principalmente, com Afonso Celso de Assis Figueiredo Júnior, cujo pai, o visconde de Ouro Preto, seria o último presidente do Conselho de Ministros do Império, derrubado em 15 de novembro de 1889. A amizade com Afonso Celso Júnior, teve com conseqüência, a escolha de seu nome, como patrono da cadeira nº 36, da Academia Brasileira de Letras.

Da obra de Teófilo Dias merecem especial destaque:

  • Flores e amores - Caxias, 1874;
  • Cantos tropicais - São Paulo, 1878;
  • Fanfarras - São Paulo, 1882;
  • Lira dos verdes anos - São Paulo, 1878
  • A comédia dos deuses - São Paulo, 1888.

Colaborou Teófilo em "Província de São Paulo", em "A República", na "Revista Brasileira", de José Veríssimo e em outras publicações.

Lecionou Gramática Filosófica e Francês no Colégio Aquino. Sua poesia, influenciada, a princípio, pelos líricos franceses, foi, aos poucos, assumindo novas formas, de acordo com a tendência geral da época.

Na introdução ao poema de Teófilo Dias - "A comédia dos deuses" - o escritor português Pinheiro Chagas publicou o seguinte comentário:

"A língua portuguesa no Brasil, manejada por um escritor de pulso, como o senhor Teófilo Dias, enriquece-se de um modo estranho; toma nova fulgurações, como os pobres pirilampos da Europa, que na América do Sul se mudam em aladas estrelas. A metrificação variada, mas variada com arte infinita, presta uns misteriosos efeitos a algumas das suas cenas mais dramáticas".

A Matilha - Teófilo Dias

Pendente a língua rubra, os sentidos atentos,

Inquieta, rastejando os vestígios sangrentos,

A matilha feroz persegue enfurecida,

Alucinadamente, a presa malferida.

Um, afitando o olhar, sonda a escura folhagem;

Outro consulta o vento; outro sorve a bafagem,

O fresco, vivo odor, cálido, penetrante,

Que, na rápida fuga, a vítima arquejante

Vai deixando no ar, pérfido e traiçoeiro;

Todos, num turbilhão fantástico, ligeiro,

Ora, em vórtice, aqui se agrupam, rodam, giram,

E, cheios de furor frenético, respiram,

Ora, cegos de raiva, afastados, disperses,

Arrojam-se a correr. Vão por trilhos diversos,

Esbraseando o olhar, dilatando as narinas.

Transpõem num momento os vales e as colinas,

Sobem aos alcantis, descem pelas encostas,

Recruzam-se febris em direções opostas,

Té que da presa, enfim, nos músculos cansados

Cravam com avidez os dentes afiados.

Não de outro modo, assim meus sôfregos desejos,

Em matilha voraz de alucinados beijos

Percorrem-te o primor às langorosas linhas,

As curvas juvenis, onde a volúpia aninhas,

Frescas ondulações de formas florescentes

Que o teu contorno imprime às roupas eloqüentes:

O dorso aveludado, elétrico, felino,

Que poreja um vapor aromático e fino;

O cabelo revolto em anéis perfumados,

Em fofos turbilhões, elásticos, pesados;

As fibrilhas sutis dos lindos braços brancos,

Feitos para apertar em nervosos arrancos;

A exata correção das azuladas veias,

Que palpitam, de fogo entumescidas, cheias,

— Tudo a matilha audaz perlustra, corre, aspira,

Sonda, esquadrinha, explora, e anelante respira,

Até que, finalmente, embriagada, louca,

Vai encontrar a presa — o gozo — em tua boca.

CRÍTICAS: "(...) apesar de predominarem numericamente em sua obra os versos de inspiração romântica, as traduções e a poesia social, a sua validade é devida, hoje, aos poemas da primeira parte de Fanfarras, intitulada significativamente 'Flores Funestas(...)”.


À referida influência [de Baudelaire], devem provavelmente os seguintes traços:


1) concepção requintada do amor carnal;

2) certo satanismo;

3) forma apurada, mas calorosa;

4) incorporação dum sistema de imagens gustativas, auditivas, olfativas, tácteis, com

tendência para combinar de modo desusado as sensações correspondentes.


Tudo, girando em torno de um certo dinamismo próprio a Teófilo, e de certa atitude em face do erotismo - que impregna Fanfarras de modo tão absorvente, quanto o sentimentalismo ideal impregnava os livros anteriores." - Candido, Antonio, introdução. [1959]. In: Dias, Teófilo. Poesias escolhidas. p.2.

A poesia de Teófilo Dias é parnasiana e foi fortemente influenciada pela obra de Baudelaire. Segundo o crítico Antonio Candido, "apesar de predominarem numericamente em sua obra os versos de inspiração romântica, as traduções e a poesia social, a sua validade é devida, hoje, aos poemas da primeira parte de Fanfarras, intitulada significativamente 'Flores Funestas'.". Fanfarras é considerado, por muitos estudiosos, o marco inicial do Parnasianismo no Brasil.

"Teófilo Dias"

Moreno canibal, baixo e franzino,

Pagé d´imensa e formidável horda,

O seu rijo boré vibrando, acorda

O Pindo aos sons estrídulos de um hino.

Estruge a taba, com furor tigrino,

Do bodoque o caboclo enteza a corda...

E o tupi sempre vence, embora morda

A negra inveja, o dente viperino...

Seus "Cantos Tropicais" passam em festa,

Tribo de guaranis, que, passam em festa,

Correm movendo os plúmeos enduapes.

E apesar de vestido à européia

Seus versos, nos fastígios da epopéia,

Brandem todos fortíssimos tacapes.


Raimundo Correia ocupa um dos mais altos postos na poesia brasileira. Seu livro de estréia, Primeiros sonhos (1879) insere-se ainda no Romantismo. Já em Sinfonias (1883) nota-se o feitio novo que seria definitivo em sua obra o Parnasianismo. Segundo os cânones dessa escola, que estabelecem uma estética de rigor formal, ele foi um dos mais perfeitos poetas da língua portuguesa, formando com Alberto de Oliveira e Olavo Bilac a famosa trindade parnasiana. Além de poesia, deixou obras de crítica, ensaio e crônicas.

segunda-feira, 29 de setembro de 2008

Outras expressões populares....


Conto do Vigário
Duas igrejas de Ouro Preto receberam uma imagem de santa como presente. Para decidir qual das duas ficaria com a escultura, os vigários contariam com a ajuda de Deus, ou melhor, de um burro. O negócio era o seguinte: colocaram o burro entre as duas paróquias e o animalzinho teria que caminhar até uma delas. A escolhida pelo quadrúpede ficaria com a santa. E foi isso que aconteceu, só que, mais tarde, descobriram que um dos vigários havia treinado o burro. Desse modo, conto do vigário passou a ser sinônimo de falcatrua e malandragem.



Ficar a Ver Navios
Dom Sebastião, rei de Portugal, havia morrido na batalha de Alcácer-Quibir, mas seu corpo nunca foi encontrado. Por esse motivo, o povo português se recusava a acreditar na morte do monarca. Era comum as pessoas visitarem o Alto de Santa Catarina, em Lisboa, para esperar pelo rei. Como ele não voltou, o povo ficava a ver navios.




Não Entendo Patavinas

Os portugueses encontravam uma enorme dificuldade de entender o que falavam os frades italianos patavinos, originários de Pádua, ou Padova, sendo assim, não entender patavina significa não entender nada.


Chegar de Mãos Abanando Há muito tempo, aqui no Brasil, era comum exigir que os imigrantes que chegassem para trabalhar nas terras trouxessem suas próprias ferramentas. Caso viessem de mãos vazias, era sinal de que não estavam dispostos ao trabalho. Portanto, chegar de mãos abanando é não carregar nada.




Sem Eira Nem Beira Os telhados de antigamente possuíam eira e beira, detalhes que conferiam status ao dono do imóvel. Possuir eira e beira era sinal de riqueza e de cultura. Não ter eira nem beira significa que a pessoa é pobre, está sem grana.



Abraço de Tamanduá

Para capturar sua presa, o tamanduá se deita de barriga para cima e abraça seu inimigo. O desafeto é então esmagado pela força. Abraço de tamanduá é sinônimo de deslealdade, traição.





O Canto do Cisne
Dizia-se que o cisne emitia um belíssimo canto pouco antes de morrer. A expressão canto do cisne representa as últimas realizações de alguém.




Estômago de Avestruz

Define aquele que come de tudo. O estômago do avestruz é dotado de um suco gástrico capaz de dissolver até metais.







Lágrimas de Crocodilo É uma expressão usada para se referir ao choro fingido. O crocodilo, quando ingere um alimento, faz forte pressão contra o céu da boca, comprimindo as glândulas lacrimais. Assim, ele chora enquanto devora a vítima.


Memória de Elefante O elefante lembra de tudo aquilo que aprende, por isso é uma das principais atrações do circo. Diz-se que as pessoas que se recordam de tudo tem memória de elefante.







Olhos de Lince
Ter olhos de lince significa enxergar longe, uma vez que esses bichos têm a visão apuradíssima. Os antigos acreditavam que o lince podia ver através das paredes.


A lenda de Hioku


Segundo uma lenda milenar, havia no Japão uma espécie de pássaro muito especial, que se chamava Hioku.

Os antigos guardavam sua história como uma lição para os homens de qualquer época. Segundo a lenda, o hioku era um pássaro que nascia com uma só asa. Assim, desde o instante de seu nascimento, ele buscava encontrar sua outra metade, para completar-se e se realizar como pássaro: e voar.

Enquanto não encontrasse sua outra metade, ele não seria efetivamente um pássaro… E essa lenda traz uma profunda lição para nós humanos:

Um ser só é completo quando é a metade de alguém.

Pena que, ao contrário do pássaro, muitas pessoas, ao invés de buscar a metade que as realize, acabam na ilusão do poder, do egoísmo, do egocentrismo, reduzindo sua vida ao meio.

Outras vezes, achamos que finalmente, encontramos a outra “asa”, mas, como na lenda de Ícaro, esta outra asa, com o passar do tempo, não consegue mais alcançar vôos tão altos quantos os nossos.

Ao primeiro sinal de algum contratempo gruda em nós e isto faz com que, arrastemos esta asa. Quando finalmente chegamos à conclusão que esta asa nos prende, nos separamos e vamos procurar outra asa, e outra asa, e outra asa, e os dias se vão.

Mas, não podemos desistir de procurar nossa felicidade, mesmo que, para isto tenhamos de estar sempre recomeçando.

quarta-feira, 24 de setembro de 2008

E assim surgiu o Teatro

Com o desenvolvimento do homem e a partir de suas necessidades surge o Teatro.

O homem primitivo era caçador e selvagem, sentia necessidade de dominar a natureza. Através destas necessidades surgem invenções como o desenho e o teatro na sua forma mais primitiva.

Eram umas espécies de danças dramáticas coletivas que abordavam as questões do seu dia a dia, uma espécie de rito de celebração, agradecimento ou perda.

Estas pequenas evoluções se deram com o passar de vários anos. Com o tempo o homem passou a realizar rituais sagrados na tentativa de apaziguar os efeitos da natureza, harmonizando-se com ela.

Os ritos começaram a evoluir, surgem danças miméticas, os homens praticam a mimesis (mímica) e as mulheres cantam.

Com o surgem da civilização egípcia os pequenos ritos se tornaram grandes rituais formalizados e baseados em mitos (histórias que narram o sagrado do mundo).

Cada mito conta como uma realidade veio a existir. Os ritos possuíam regras de acordo com o que propunha o estado e a religião, eram apenas a história do mito em ação, ou seja em movimento. Estes rituais propagavam as tradições, apelo às entidades sobrenaturais, oferenda para obtenção de favores, para homenagem, para divertimento e sinal de honra aos nobres.



Na Grécia sim, surge o teatro. Surge o ditirambo, um tipo de procissão informal que mais tarde ficou mais organizada era para homenagear o Deus Dioniso. Era um culto de evolução e louvação a determinado Deus.

Mais tarde o ditirambo evoluiu, tinha um coro formado por coreutas e pelo corifeu, eles cantavam, dançavam, contavam histórias e mitos relacionados a Deus. A grande inovação se deu quando se criou o diálogo entre coreutas e corifeu. Cria-se a ação na história. Surgem assim os primeiros textos teatrais.

A princípio tudo acontecia nas ruas, depois tornou-se necessário um lugar. Aí surgiram os primeiros teatros.

E foi assim que o teatro foi evoluindo. Com o tempo surgiram novas formas de fazer teatro.


Desde que a UNESCO instituiu o Dia Mundial do Teatro, o propósito é enaltecer uma arte que mobiliza milhões de pessoas - autores, encenadores, atores, coreógrafos, técnicos da luz, do som, figurinistas, muitos outros.

“A arte do teatro não é a representação dos atores, nem a peça escrita pelo autor, nem a encenação nem a dança. É, sim, constituída pelos diversos elementos que compõem o espetáculo; o gesto, que é a alma da representação; as palavras, que são o corpo da peça; as linhas e as cores, que são a própria existência do cenário; o ritmo, que é a essência da dança”, (segundo Gordon Craig, ator, encenador e cenógrafo inglês),

Porque o mundo se altera e a tecnologia com ele, o Teatro não pode deixar de chamar ao seu território novas abordagens que lhe aperfeiçoe a prestação, permitindo-lhe a aproximação a um público cada vez mais informado. Robert Lepage diz que: "Existem várias hipóteses sobre as origens do teatro, mas aquela que me interpela mais tem a forma de uma fábula: Uma noite, na alvorada dos tempos, um grupo de homens juntou-se numa pedreira para se aquecer em volta de uma fogueira e para contar histórias. De repente, um deles teve a idéia de se levantar e usar a sua sombra para ilustrar o seu conto. Usando a luz das chamas ele fez aparecer nas paredes da pedreira, personagens maiores que o natural. Deslumbrados, os outros reconheceram por sua vez o forte e o débil, o opressor e o oprimido, o deus e o mortal.

Atualmente, é a luz dos projetores que substitui a original fogueira ao ar livre, e a maquinaria de cena, as paredes da pedreira. E com todo o respeito por certos puristas, esta fábula lembra-nos que a tecnologia está presente desde os primórdios do teatro e que não deve ser entendida como uma ameaça, mas sim como um elemento unificador. A sobrevivência da arte teatral depende da sua capacidade de se reinventar abraçando novos instrumentos e novas linguagens. Senão, como poderá o teatro continuar a ser testemunha das grandes questões da sua época e promover a compreensão entre povos sem ter, em si mesmo, um espírito de abertura? Como poderá ele orgulhar-se de nos oferecer soluções para os problemas da intolerância, da exclusão e do racismo se, na sua própria prática, resistiu a toda a fusão e integração? Para representar o mundo em toda a sua complexidade, o artista deve propor novas formas e idéias, e confiar na inteligência do espectador, que é capaz de distinguir a silhueta da humanidade neste perpétuo jogo de luz e sombra. É verdade que brincar demasiado com o fogo, o homem corre o risco de se queimar, mas ganha igualmente a possibilidade de deslumbrar e iluminar."

E viva o teatro


segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Um giro com Júlio Verne

Júlio Verne


Nasceu em Nantes em 8 de fevereiro de 1828. Fugiu de casa com 11 anos para ser grumete e depois marinheiro. Localizado e recuperado, retornou ao lar paterno. Em um furioso ataque de vergonha por sua breve e efêmera aventura, jurou solenemente para a sorte de seus milhões de leitores) não voltar a viajar senão em sua imaginação e através de sua fantasia.

Promessa que anteve em mais de oitenta livros.

Sua adolescência transcorreu entre contínuos choques com o pai, para quem as veleidades exploratórias e literárias de Júlio pareciam totalmente ridículas. Finalmente conseguiu mudar-se para Paris onde entrou em contato com os mais prestigiados literatos da época. Em 1850 concluiu seus estudos jurídicos e, apesar insistência do pai para que voltasse a Nantes, resistiu, firme na decisão de tornar-se um profissional das letras.

Foi por esta época que Verne, influenciado pelas conquistas científicas e técnicas da época, decide criar uma literatura adaptada à idade científica, vertendo todos estes conhecimentos em relatos épicos, enaltecendo o gênio e a fortaleza do homem em sua luta por dominar e transformar a natureza.

Em 1856 conheceu Honorine de Vyane, com quem casou em 1857.

Por essa época, era um insatisfeito corretor na Bolsa, e resolveu seguir o conselho de um amigo, o editor P. J. Hetzel, que será seu editor in eternum, e converteu um relato descritivo da África no Cinco Semanas em Balão (1863). Obteve êxito imediato. Firmou um contrato de vinte anos com Hetzel, no qual, por 20.000 francos anuais, teria de escrever duas novelas de novo estilo por ano. O contrato foi renovado por Hetzel e, mais tarde, por seu filho. E assim, por mais de quarenta anos, as Voyages Extraordinaires apareceram em capítulos mensais na revista Magasin D’éducation et de Récréation.

Em A Volta ao Mundo em 80 Dias, encontramos, ao mesmo tempo, muito da breve experiência de Verne como marinheiro e como corretor de Bolsa.

Nada mais justo, também, que o novo estilo literário inaugurado por Júlio Verne, fosse utilizado por uma nova arte que surgia: o cinema. Da Terra à Lua (Georges Mélies, 1902), La Voyage a travers l’impossible (Georges Mélies, 1904), 20.000 lieus sous les mers (Georges Mélies, 1907), Michael Strogoff (J. Searle Dawley, 1910), La Conquête du pôle (Georges Mélies, 1912) foram alguns dos primeiros filmes baseados em suas obras. Foram inúmeros.

A Volta ao Mundo em 80 dias foi filmado em 1956, com enredo milionário, dirigido por Michael Anderson, música de Victor Young, direção de fotografia de Lionel Lindon. David Niven fez Phileas Fogg, Cantinflas, Passepartout, Shirley MacLaine, Aouda. Em 1989, foi aproveitado para uma série de TV, com a participação da BBC, dirigida por Roger Mills. No mesmo ano, outra série de TV, agora nos EE.UU., dirigida por Buzz Kulik, com Pierce Brosnan (Phileas Fogg), Eric Idle (Passepartout), Julia Nickson-Soul (Aouda), Peter Ustinov (Fix).

Apesar de tudo, a vida de Verne não foi fácil. Por um lado sua dedicação ao trabalho minou a tal ponto sua saúde que durante toda a vida sofreu ataques de paralisia. Como se fosse pouco, era diabético e acabou por perder vista e ouvido. Seu filho Michael lhe deu os mesmos problemas que dera ao pai e, desgraça das desgraças, um de seus sobrinhos lhe disparou um tiro à queima-roupa deixando-o coxo. Sua vida efetiva também não foi das mais tranqüilas e todos os seus biógrafos admitem ter tido uma amante, um relacionamento que só terminou com a morte da misteriosa dama.

Verne também se interessou pela política, tendo sido eleito para o Conselho de Amiens em 1888 na chapa radical, reeleito em 1892, 1896 e 1900.

Morreu em 24 de Março de 1905.


Obras de Júlio Verne:


A Casa Vapor – A Chama Errante

A Casa Vapor – A Ressuscitada

A Jangada

A Volta ao Mundo em 80 dias

Dois Anos de Férias – A Colônia Infantil

Dois Anos em Férias – A Escuna Perdida

Miguel Strogoff – A Invasão

Miguel Strogoff – O Correiro do Czar

Viagem ao Centro da Terra

Vinte Mil Léguas Submarinas

Postado por: Maria Magalhães

Um pouco sobre Bernardo Guimarães...


Bernardo Guimarães (Bernardo Joaquim da Silva Guimarães), magistrado, jornalista, professor, romancista e poeta, nasceu em Ouro Preto, MG, em 15 de agosto de 1825, e faleceu na mesma cidade, em 10 de março de 1884. É o patrono da Cadeira n. 5 da Academia Brasileira de Letras, por escolha de Raimundo Correia.

Seus pais foram Joaquim da Silva Guimarães e Constança Beatriz de Oliveira. Dos 4 aos 16 anos viveu em Uberaba e Campo Belo, impregnando-se das paisagens que mais tarde descreveria em seus romances e em alguns poemas. Antes dos 17 estava de volta a Ouro Preto, onde terminou os preparatórios. Tem-se como certa a sua participação, em 1842, na revolução liberal. Matriculou-se, em 47, na Faculdade de Direito de São Paulo, onde se tornou amigo íntimo e inseparável de Álvares de Azevedo e Aureliano Lessa, com os quais chegou Bernardo Guimarães a projetar a publicação de uma obra que se chamaria Três liras. Fundaram os três, com outros estudantes, a "Sociedade Epicuréia", a que se atribuíram "coisas fantásticas", que ganharam fama no meio paulistano.

Bacharelou-se, em 2ª época, no começo de 1852. Nesse ano publicou Cantos da solidão, poesia. Exerceu o cargo de juiz municipal e de órfãos de Catalão, em Goiás, por duas vezes, em 1852-54 e 1861-64. De permeio, fez jornalismo e crítica literária no Rio de Janeiro. Magistrado rigoroso, mas humano, promoveu, no segundo período de judicatura, um júri sumário para libertar os presos, pessimamente instalados e, intervindo motivos de conflito com o presidente da província, sofreu processo, do qual saiu triunfante.

Em 1864-65, de novo o poeta viveu na Corte, onde publicou o volume Poesias, contendo "Cantos da solidão", "Inspirações da tarde", "Poesias diversas", "Evocações" e "A baía de Botafogo". Fixou-se, a partir de 1866, em Ouro Preto, onde foi nomeado professor de retórica e poética no Liceu Mineiro. Casou-se no ano seguinte com Teresa Maria Gomes. Teve o casal oito filhos. Uma das duas filhas foi Constança, falecida aos 17 anos, quando noiva de seu primo, o poeta Alphonsus de Guimaraens, que a imortalizou na literatura como a que "se morreu fulgente e fria".

Extinta a cadeira, Bernardo Guimarães viu-se, já casado, sem colocação. Entre 1869 e 72 escreveu várias obras. Em 73, foi nomeado professor de latim e francês em Queluz, atual Lafayette, MG. Também esta cadeira foi extinta. Basílio de Magalhães sugere que o motivo deve ter sido, em ambos os casos, ineficácia e pouca assiduidade do poeta. Em 1875 publicou o romance que melhor o situaria na campanha abolicionista e viria a ser a mais popular das suas obras: A escrava Isaura. Dedicando-se inteiramente à literatura, escreveu ainda quatro romances e mais duas coletâneas de versos. A visita de Dom Pedro II a Minas Gerais, em 1881, deu motivo a que o Imperador prestasse expressiva homenagem a Bernardo Guimarães, a quem admirava.

Embora tenha começado a escrever ficção nos fins do decênio de 50, e tenha feito poesias até os últimos anos, a sua melhor produção poética vai até o decênio de 60; a partir daí, realizou-se de preferência na ficção. Estreando com os Cantos da solidão em 1852, reuniu-se com outros, em 1865, nas Poesias. Na ficção, distinguem-se: O ermitão de Muquém (escrito em 1858 e publicado em 69); Lendas e romances (1871); O seminarista e Histórias e tradições de Minas Gerais (1872); O índio Afonso (1873); A escrava Isaura (1875); Maurício (1877); Rosaura, a enjeitada (1883). Publicou mais duas coletâneas de versos: Novas poesias (1876) e Folhas de outono (1883). Postumamente apareceram O bandido do Rio das Mortes (1905) e o drama A voz do Pajé. Deve-se registrar, além disso, a sua produção de poesias obscenas. A sua produção poética conhecida foi reunida em Poesias completas de Bernardo Guimarães. Organização, introdução, cronologia e notas de Alphonsus de Guimaraens Filho, edição do Ministério da Educação e Cultura/Instituto Nacional do Livro (1959).


Publicado por: Maria Magalhães

Algo sobre Fagundes Varela

Fagundes Varela


Luís Nicolau Fagundes Varela nasceu na cidade de Rio Claro, no estado do Rio de Janeiro, em 18 de Agosto de 1841. Seus pais Emiliano Fagundes Varela e Emília de Andrade. Passou a infância na fazenda Santa Rita e na vila de S. João Marcos, onde o pai era juiz. Posteriormente, residiu em Catalão, Goiás; nesta cidade, Fagundes Varela conheceu Bernardo Guimarães, o então juiz municipal. De volta ao Rio de Janeiro, morou em Angra dos Reis e Petrópolis, concluindo ali os estudos primários e secundários.

Seu primeiro livro foi publicado em 1861, Noturnas. No ano de 1859 Fagundes Varela viaja para São Paulo, e em 1862 matricula-se na Faculdade de Direito, que nunca seria concluída, optando pela literatura e dissipando-se na boemia, fortemente influenciado pelo ''byronismo'' dos estudantes paulistanos. Casando-se (no mesmo ano) com Alice Guilhermina Luande, atriz circense da cidade de Sorocaba. Este matrimônio não era desejado pelas famílias do casal, assim a penúria financeira de Fagundes Varela foi agravada.

Uma das mais belas obras do autor é o poema Cântico do Calvário, inspirado na morte precoce de Emiliano, seu primeiro filho, falecido aos três meses de vida. A partir deste momento, o poeta entrega-se definitivamente ao alcoolismo. Em contrapartida, cresce sua inspiração criadora.

Vozes da América foi publicada em 1864, e sua obra-prima Cantos e Fantasias, em 1865. No ano seguinte, viaja para Recife e é avisado sobre o falecimento da esposa. Assim, em 1867 retorna para São Paulo e matricula-se novamente no 4º ano de Direito. Porém, abandona o curso mais uma vez e recolhe-se na casa paterna, em sua cidade natal. Fagundes Varela permanece até 1870 em Rio Claro, compondo suas obras entre noitadas boêmias, vagando indefinidamente pela vida.

Casa-se pelas segunda vez com a prima Maria Belisária, com quem teve duas filhas e um filho que também morreu prematuramente. Em 1870 vai para Niterói na companhia de seu pai, estabelecendo-se ocasionalmente na casa de familiares e ainda freqüentando a vida noturna carioca. Em 17 de fevereiro de 1875, morre aos 34 anos de apoplexia, já em estado de completo desequilíbrio mental.

Em uma de suas primeiras obras (Arquétipo), Fagundes Varela revela-se um hábil na arte de versar. Além da angústia predominante em sua poesia, percebe-se também uma forte apelação religiosa e mística. A influência amorosa e até mesmo os temas sociais e patrióticos enquadram-se na totalidade de sua extensa obra. Varela é o patrono da Cadeira nº 11 da "Academia Brasileira de Letras", por escolha do fundador Lúcio de Mendonça.

Escreveu as seguintes obras:

Noturnas (1861); Vozes da América (1864); Cantos e fantasias (1865); Cantos meridionais e os Cantos do ermo e da cidade (1869). Deixou inédito o Anchieta ou Evangelho na selva (1875), O diário de Lázaro (1880) e outras poesias.

Otaviano Hudson, amigo fiel, reuniu os Cantos religiosos (1878), com o fim de auxiliar a viúva e filhos do poeta. As Poesias completas, organizada por Frederico José da Silva Ramos, foram lançadas em 1956.

Publicado por: Maria Magalhães